PILATES É UM ALTERNATIVA PARA VÁRIOS PROBLEMAS DE SAÚDE
Para dores,
analgésicos ou fisioterapia. A recomendação parece lógica
para quem sofre com problemas na coluna cervical ou
agulhadas diárias e intermitentes na lombar. A matemática da
dor, entretanto, nos últimos anos, ganhou um potencial fator
de cura.
Incorporado gradualmente ao receituário médico, o pilates
deixa o âmbito restrito ao fitness e passa a ser usado como
alternativa no tratamento de problemas ortopédicos,
neurológicos e respiratórios.
“Exercícios lentos e bem executados promovem equilíbrio do
organismo e ajudam a eliminar a dor.”, explica Silvia Gomes,
diretora da Aliança Brasileira de Pilates (ABRAP).
Na contramão do analgésico, a técnica, segundo Silvia, tem
um efeito duradouro e educativo. “Quando bem fundamentado,
os exercícios ensinam a organizar e ativar a musculatura
para estabilizar a coluna. É por esse motivo que a dor óssea
ou muscular, não é apenas aliviada, mas na maioria das
vezes, curada. Uma vez entendida pelo aluno, é possível
incorporar a técnica ao cotidiano.”
Os resultados, na visão da especialista, podem ser sentidos
logo após as primeiras aulas. “Tenho centenas de alunos com
casos de dor. Na grande maioria das vezes, o sintoma forte,
agressivo, melhora após a segunda aula.”
Os efeitos poderosos são conseguidos por meio de aparelhos
robustos, elásticos e bolas de plástico enormes, utilizadas
para realizar exercícios diferenciados que a técnica propõe.
No caso da lombalgia crônica, Silvia explica que o treino
estimula a mobilidade da caixa torácica, alonga os músculos
que estão entre as costelas e desperta o volume
tridimensional do corpo. O trabalho combina respiração,
movimento, flexibilidade e força. “Ensinamos como respirar
adequadamente e qual a movimentação ideal para mobilizar as
vértebras e as costelas.”
Embora a modalidade não imponha limites de idade para a
prática, a profissional alerta que é preciso conhecer o
histórico, os objeitvos e as possíveis doenças ou restrições
de cada aluno. Em seu estúdio, ela revela que já tratou
pessoas com complicações sérias, provocadas por exercícios
executados sem cuidados por outros profissionais.
"Em um exercício simples de massagear o corpo do aluno com o
bolão de plástico o instrutor pode quebrar a coluna cervical
de um aluno que tenha osteoporose. Já vi isso acontecer
muitas vezes. A técnica é séria, não pode ser realizada por
qualquer um, exige capacitação."
Comprovação científica
Depois de arrebatar marombeiros, sedentários e doloridos, a
modalidade começa a ganhar embasamento científico e endossa
seu valor terapêutico. A fisioterapeuta da Universidade
Estadual de Campinas (Unicamp), Camila Pinhata Rocha,
analisou os efeitos do pilates no tratamento da lombalgia
crônica e fundamentou sua tese de doutorado no assunto.
Para comparar
resultados, a pesquisadora tratou um grupo de mulheres com
eletroterapia, um aparelho usado pela fisioterapia para
trabalhar a dor, e outro conjunto de pacientes recebeu
sessões semanais de pilates.
A escrevente judiciária Núbia Maria Medeiros Feltre, de 40
anos, foi uma das 36 mulheres sedentárias, com crises
severas de dor na lombar, que não faziam o uso de
medicamentos, a participar do estudo desenvolvido por
Camila.
Núbia foi submetida a três sessões semanais de pilates,
durante cinco semanas. O resultado, para ela, foi
surpreendente e rápido. “Eu já tinha tentado aliviar o
problema com sete sessões de fisioterapia, mas sem sucesso.
Após esse teste, melhorei minha postura, e não sinto mais
dores. Tive um ganho enorme em postura e qualidade de vida.”
Os dados foram satisfatórios em ambos os grupos pesquisados.
Camila explica, porém, que os pacientes que utilizaram o
aparelho voltaram a ter problemas pouco tempo após o término
da pesquisa, efeito que não foi sentido pelo grupo que
freqüentou as aulas de pilates. “A eletroterapia não dá
condição muscular, consciência corporal que o pilates
promove. A dor não é tratada, apenas amenizada.”
Asma e impotência
A gama de atuação da modalidade é ampla e curiosa. A
fisioterapeuta da Unicamp revela resultados positivos em
pacientes com asma e bronquite. “A atividade trabalha corpo
e mente, pede que o aluno conheça o corpo, aprenda a
respirar corretamente e promove condicionamento
cardiovascular”.
Silvia Gomes comenta que muitos atletas, após sofrerem um
processo cirúrgico ou um lesão grave, recorrem ao pilates em
busca de reabilitação. O trabalho foca um fortalecimento
muscular e permite que o esportista volte a praticar a
modalidade em pouco tempo. “Montamos um treino que atenda a
necessidade e respeite os limites de cada aluno. A variedade
de aparelhos e exercícios é enorme e evolutiva.”
Aprender a relaxar e contrair os músculos de maneira mais
eficiente eleva a qualidade de vida pessoal e sexual.
Segundo os profissionais, a técnica pode ajudar a combater a
impotência sexual, no caso dos homens, e dar firmeza ao
períneo feminino. Silvia revela que os exercícios trabalham
o assoalho pélvico, estimulam a ativação do transverso do
abdome, conhecido como o cinturão de força do corpo. “O
aluno aprende a sensibilizar essa região. O movimento é
muito pequeno, é preciso aprender a relaxar para conseguir
contrair e sentir os benefícios."
Fonte:
http://saude.ig.br |